terça-feira, 2 de dezembro de 2008

"Há pessoas que querem morrer"


A eutanásia é um debate incontornável no séc. XXI. A medicina avançou de forma extraordinária, mas a questão sobre os limites da vida continua por esclarecer.

É fundamental que dentro de uma sociedade o valor da vida seja respeitado. Tendo em conta os valores e os princípios da ética médica, a vida do indivíduo de ser sempre salvaguardada acima de tudo, mas mantendo a noção de que cada caso é único e deve ser ponderado de acordo com as condições que o envolvem.

Segundo Miguel Ricou, Professor na Faculdade de Medicina do Porto, na área de Bioética e Ética Médica e membro da Associação Portuguesa de Bioética, “o conflito coloca-se entre o dever do médico salvar a vida e o de aliviar o sofrimento”. É certo que uma reflexão séria sobre a eutanásia começa obrigatoriamente por assumir, à partida, que a eutanásia é sempre activa e voluntária. Voluntária porque alguém manifesta vontade de ser morto e activa porque outra pessoa recebe esse pedido e o executa. No entanto, a manifestação dessa vontade é relativa, logo tem de haver a consciência de que “numa sociedade onde existe a eutanásia temos que matar pessoas que queriam continuar a vivas”.

Um doente que se encontre em fase terminal, chegado ao seu limite, pode fazer um pedido desesperado de eutanásia. Contudo, ninguém garante que se o doente tivesse tido mais cuidados este desejo se teria manifestado. Deste modo, Ricou defende que “vai haver sempre situações onde se vão construir potenciais injustiças”, logo o que deve ser discutido é “se nós achamos que é razoável, se é melhor viver numa sociedade com uma lei de eutanásia activa ou numa sociedade onde essa lei não exista”. Esta questão é muito complexa e torna-se impossível equilibrar a balança dos prós e contras relacionados com a eutanásia, bem como encontrar o lado para o qual pende mais.

Apesar de tudo há uma certeza, como diz Miguel Ricou “há pessoas que querem morrer” e isso todos temos de respeitar.


Diana Sousa

Sem comentários: